terça-feira, fevereiro 12, 2013

De costas voltadas


Existe uma tensão permanente nas escolhas para lideranças dos partidos de Governo. Deve ser a vontade dos militantes a imperar ou o que os potenciais eleitores desejam? Provavelmente um pouco das duas coisas. Em todo o caso, a capacidade de afirmação e a probabilidade de vitória dependem da forma como militantes e sociedade alinham as suas preferências. Neste momento, há sinais de que há uma clivagem entre quem os militantes do PS desejam para líder (António José Seguro) e quem os eleitores do PS queriam ver como candidato a primeiro-ministro (António Costa). 
            Se estivermos apenas perante uma clivagem conjuntural, ultrapassável por uma maior afirmação de Seguro ou por uma vitória interna de Costa, não vem daí mal ao mundo. Se, pelo contrário, estivermos perante a consolidação de um divórcio entre o que pensam os militantes dos partidos e o que ambicionam os eleitores desse mesmo partido, então o problema é mais sério.
Há infelizmente sinais de que partidos e portugueses se encontram, cada vez mais, de costas voltadas. Talvez seja chegada a altura de envolver nas escolhas para lideranças partidárias o conjunto da sociedade. Escolher um candidato a primeiro-ministro é uma questão demasiado importante para ficar circunscrita aos militantes partidários.


comentário à sondagem sobre quem é o melhor secretário-geral para o PS, publicado no Expresso de 9 de Fevereiro